ENERGIAS ALTERNATIVAS
Uma alternativa inteligente

O GPL como uma alternativa inteligente, quais as suas vantagens, técnicas de conversão de motores, qual o seu impacto no meio ambiente. Saiba tudo sobre esta alternativa!

 José Peniche • Gestor de Projetos de Formação em Mecatrónica Automóvel  


 

O GPL é um combustível versátil e de fácil transporte, uma vez que pode ser transportado na fase líquida. Este derivado do petróleo tem um poder calorífico elevado (cerca de 12.000 kcal) e é um dos produtos, cuja combustão é mais inofensiva para o ambiente.

O GPL (Gás de Petróleo Liquefeito) é um derivado do petróleo, produzido naturalmente nos campos de exploração de petróleo e gás, como parte da extração do crude ou obtido através de processos de refinação. No que respeita ao seu tratamento posterior, os gases Butano e Propano são separados do crude e armazenados nos campos de exploração petrolífera. O GPL é transportado diariamente, do local de exploração, através de linhas férreas, pipeline ou utilizando a via rodoviária. A sua distribuição é feita a partir do terminal de importação por navios. Chegado ao nosso país, é direcionado para as instalações e armazenagem.

As principais vantagens do GPL
O GPL oferece inúmeras vantagens sendo que uma das mais relevantes é o facto de não necessitar de custos de infraestrutura. Isto significa que não são necessárias redes de distribuição complicadas, podendo o GPL ser consumido mesmo em zonas remotas. O GPL pode ainda ser utilizado como combustível rodoviário, sob a forma de GPL Auto.
- Alto poder calorífico;
- Alta eficiência de combustão;
- Limpo, sem resíduos significativos de enxofre ou metais poluentes;
- Não tóxico;
- Odorizado, por questões de segurança.

 

Uma alternativa inteligente ATEC

Porquê escolher um veículo a GPL
- Poupe nos gastos com combustível: o preço por litro de GPL é aproximadamente 50% mais barato que o da gasolina;
- Ganhe em autonomia: com o combinado entre gasolina/diesel e GPL, o seu veículo pode fazer mais de 1.500 km sem ter de abastecer;
- Ajude a proteger o ambiente: as viaturas GPL não emitem partículas nocivas e emitem menos gases poluentes como o CO2;
- Viaturas bifuel: As viaturas GPL podem andar a GPL ou a gasolina/diesel.

 

Vantagens em converter um veículo a GPL
- A performance de um veículo movido a GPL é idêntica à da versão a gasolina correspondente;
-O GPL reduz o desgaste do motor, assegurando ainda maior durabilidade;
- O GPL é um combustível e uma tecnologia segura, amplamente divulgada e com resultados comprovados.

 

Viajar a GPL é mais barato que a gasolina e o gasóleo
Os gastos em combustível são uma parte importante daquilo que investimos ao comprar um automóvel. O GPL é um combustível comprovadamente económico, cujo preço de referência é aproximadamente 50% do preço da gasolina.

 

O GPL e o meio ambiente
Ao optar pela conversão de um veículo a GPL, não se está só a reduzir a fatura com combustíveis, está-se também a tomar uma opção a favor do ambiente:
- As emissões de CO2 são em média 15% menores que as da gasolina;
- Não são libertadas partículas nocivas;
- O GPL emite significativamente menos monóxido de carbono, NOx e hydrocarbons (cerca de 50% do que é emitido pela gasolina e cerca de 10% do que é emitido pelo diesel).

 

A facilidade de utilização do GPL
Os veículos convertidos podem andar a GPL ou a gasolina/diesel – a comutação entre os dois é feita automaticamente ou com o simples toque num botão – sem necessidade de parar ou desligar o motor. Quando o depósito GPL fica vazio, o veículo muda automaticamente para gasolina/diesel, permitindo-lhe continuar a viagem tranquilamente. A performance dos veículos a GPL permanecem inalteradas face às versões gasolina/diesel. O GPL é um combustível líquido – o seu abastecimento é simples e rápido, feito de forma similar ao de uma viatura a gasolina/diesel. O depósito de GPL está montado no lugar do pneu suplente – assim o espaço de bagageira não é afetado. Existem atualmente mais de 340 postos de abastecimento com GPL. Uma cobertura nacional para um combustível de provas dadas.

 

O GPL e os motores a diesel
Existem duas técnicas principais para a conversão para motores diesel poderem utilizar o GPL:
Uma das técnicas é a Ottorização, ou seja, modificar o motor Diesel em motor de ciclo Otto, modificando a cabeça dos cilindros de forma a criar uma câmara de combustão (ou mesmo substituindo-os por uns já preparados para o efeito) e a cabeça do motor de forma a poderem ser utilizadas velas de ignição. A esta alteração mecânica acompanha a inclusão dum mecanismo para comando da ignição. Esta técnica tem como grande vantagem o motor ficar a trabalhar 100% a GPL ou gás natural. As desvantagens são o elevado custo, o risco da conversão e a perda da eficiência como motor Diesel. Apenas em alguns países asiáticos se comercializam Kits completos e se fazem um reduzido número de conversões deste tipo.

Trata-se na verdade de uma conversão de um veículo Diesel para um veículo que passa a consumir simultaneamente Diesel e GPL ou Gás Natural. Este tipo de solução é conhecida desde o tempo em que o inventor do motor Diesel, Rudolph Diesel, verificou que adicionando uma certa quantidade de Gás Natural ao ar da admissão (conhecido como fumigação), o motor aumentava consideravelmente a potência e diminuía drasticamente o fumo.

Entre estes, existem os de injeção direta de Gás Natural que conseguem taxas de substituição na ordem dos 80%, tendo já conseguido chegar aos 95% em condições muito específicas de funcionamento do motor. Para cada litro de Diesel substituído, torna-se necessário cerca de 1,5 litros de Gás Natural, sendo a diferença de custo entre os dois combustíveis o fator de peso em termos económicos.

Para as emissões de gases poluentes as vantagens são notórias. De momento os equipamentos que existem são específicos para determinados modelos (veículos pesados apenas) e a conversão ultrapassa os 20.000€, um valor ainda elevado mesmo olhando ao custo total dum veículo pesado e da economia em combustível que resulta da transformação.


Outra técnica usada nos sistemas Dual-Fuel é a de injetar GPL ou Gás Natural através da admissão misturado com o ar. São normalmente sistemas “não invasivos”, ou seja, não alteram a mecânica original do veículo nem os seus componentes. O gás faz aumentar a eficiência do motor, podendo aumentar a potência e binário, devendo no entanto evitar que se ultrapassem os valores máximos dados pelo fabricante a fim de não prejudicar a longevidade do motor. As percentagens de substituição de Diesel que se obtêm dependem do equipamento, motor, tipo de utilização e se usamos GPL ou Gás Natural.

Sistemas mais evoluídos conseguem já valores de consumo totais de GPL + Diesel inferiores a consumos só de Diesel antes da conversão, trata-se de um salto importante tanto a nível económico como de redução de emissões. Nestes sistemas a principal função do GPL é melhorar a eficiência de combustão do Diesel, não necessitando por isso de grandes quantidades de substituição. Genericamente a redução de consumo de Diesel pode ir dos 15% aos 45%, com adição entre 8% a 20% de GPL. Utilizando Gás Natural esta percentagens podem ser superiores. Quanto às emissões de gases poluentes, a opacidade (fumo) e partículas diminuem drasticamente (pode chegar aos 80%) e o CO2 (12%) e os NOx (30%) também têm diminuições significativas. Com o GPL pode verificar-se um aumento dos HC.

Esta tecnologia (Dual-Fuel, injeção indireta) acaba de chegar a Portugal despertando desde logo um grande interesse principalmente nas empresas de transportes. Poderá ser uma solução de redução de custos e de alguns agentes poluidores, onde não é ainda viável a utilização de outras alternativas ao Diesel.

 


LEGISLAÇÃO RELATIVA AO GPL PARA ENTIDADES FORMADORAS E INSTALADORES, MECÂNICOS E TÉCNICOS DE AUTO/GÁS


Deliberação nº 2062-2015 CD IMT
A Portaria n.º 124-A/2015, de 5 de maio, que aprovou o regime jurídico de certificação das entidades formadoras para ministrarem cursos de formação para obtenção do título profissional de mecânicos e ou técnicos de auto/gás prevê que os conteúdos de formação e as respetivas cargas horárias, bem como a organização dos exames de avaliação dos candidatos a mecânicos e técnicos de auto/gás são aprovados por Deliberação do Conselho Diretivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, I. P. (“IMT, I. P.”).

Lei nº13/2013
Estabelece o regime jurídico para a utilização de gases de petróleo liquefeito (GPL) e gás natural comprimido e liquefeito (GN) como combustível em veículos.

Portaria n.º 124A-2015
Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16 de janeiro, aprovou, em anexo, o regime jurídico de acesso e exercício de diversas atividades de comércio, serviços e restauração (RJACSR), nomeadamente, as oficinas de adaptação e reparação de automóveis que utilizam o gás de petróleo liquefeito (GPL) ou de gás natural comprimido e liquefeito (GN) como combustíveis.

Portaria n.º 207-A-2013
Através da presente Portaria são regulamentadas as prescrições técnicas e a identificação a que devem obedecer os veículos que utilizem gás de petróleo liquefeito (GPL) e gás natural comprimido e liquefeito (GN) como combustível, cujos princípios de utilização foram estabelecidos pela Lei n.º 13/2013, de 31 de janeiro, bem como o regime legal aplicável aos estabelecimentos e entidades que exercem as atividades de fabrico, adaptação e reparação de veículos movidos a GPL e GN.

 

 


SOBRE O AUTOR


 

 

Jose Peniche ATEC 

José Peniche

Licenciado em Eng.ª Mecânica pela EPSIC, em Lausanne e Licenciado em Tecnologia de Gestão Industrial, pelo ESTS-IPS, em Setúbal. Conta com várias certificações internacionais, entre as quais o certificado pela EDUCAM, na Bélgica para a Manipulação e Intervenção em veículos elétricos e híbridos (VEH) e o certificado pelo CFI, em França para a Intervenção e Manipulação de equipamentos com Gases fluorados.

Adicionalmente, está autorizado pelo IMTT, para a Coordenação e Formação de Sistemas de GPL/GN.

Iniciou a sua atividade na ATEC em 2005, como Formador, assumindo depois a função de coordenador de formação. Posteriormente, em 2012 assumiu o desenvolvimento de ações de formação para o segmento empresarial do sector automóvel.

Em 2015 assumiu a responsabilidade da área de Mecatrónica Automóvel da ATEC para o segmento empresarial, tornando-se Gestor de projetos de formação e consultoria da área em questão, função esta que desempenhou até abril de 2021.

 


 

 

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