TI INDUSTRIAL
Realidade Aumentada e Realidade Virtual na Indústria
A Realidade Virtual e da Realidade Aumentada são um conjunto de ferramentas de apoio à tomada de decisão, que tornarão as decisões mais rápidas, mais precisas e mais preditivas. O potencial destas tecnologias é imenso, no entanto existe ainda, um longo caminho a percorrer no seu desenvolvimento e eficaz implementação.
Manuel Costa • Gestor de Formação e Consultoria na área de Energia e Sistemas de Automação
ARA (Realidade Aumentada) é uma variação da tecnologia RV (Realidade Virtual). Enquanto que a RV imerge completamente o utilizador dentro de um ambiente virtual (não físico), a RA permite ao utilizador visualizar o mundo real com objetos virtuais em sobreposição com os objetos reais, em resumo a RV substitui a realidade enquanto a RA complementa-a.
Embora estes desenvolvimentos em vertentes mais lúdicas tenham sido amadurecidos apenas há alguns anos, a indústria tem experimentado e aplicado a RA e a RV, sobretudo na visualização aumentada ou virtualizada de processos, há pelo menos duas décadas.
Num ambiente industrial, a RA pode facilmente substituir todo o tipo de manuais e documentação técnica em suporte papel, mostrando em tempo real e no contexto correto a informação respeitante a qualquer equipamento ou processo que esteja a ser visualizado pelo técnico, aumentando de forma muito significativamente a sua capacidade de resposta no terreno. A visualização é a utilização imediata deste tipo de tecnologia, embora na realidade seja possível muito mais. Dois campos de utilização surgem cada vez mais relevantes na Era 4.0: A aprendizagem de novas competências e a tomada de decisões.
Learn by doing é uma metodologia que tem sido utilizada desde que existe a relação Mestre – Aprendiz. É um processo lento, que carece da disponibilidade e vocação do mestre para ensinar, mas extraordinariamente mais eficaz no processo de aquisição de novas competências e na retenção do conhecimento num ambiente industrial. Com a integração da RV e da RA neste domínio, é possível potenciar este método:
– Integrando os Aprendizes e o Mestre num ambiente virtual ou aumentado, possibilitando a socialização do processo de aprendizagem, por outras palavras, as tarefas podem ser realizadas em equipas que interagem com os mesmos processos e objetos. Além disso, esta socialização pode aumentar de forma significativa o número de Aprendizes por Mestre;
– Num ambiente virtual, possibilitando ensaiar processos perigosos e dispendiosos sem qualquer risco;
– Ao incorporar e modelar em ambientes virtuais ou aumentados, as competências e os conhecimentos retidos pelo Mestre, tornando possível replicar o processo de aprendizagem sempre que necessário, diminuíndo a relevância da disponibilidade do Mestre;
– Integrando através de RA, manuais e tutoriais que ensinem passo a passo, de forma clara e objetiva.
Estas tecnologias têm, também, um lado menos positivo associado à sua implementação, que, no entanto, não deve ser dissuasor da sua utilização. Destacamos os seguintes aspetos que podem criar uma barreira à sua eficaz implementação: a dificuldade na utilização das tecnologias e no foco do aprendiz, assim como, a possível dissociação da realidade, o que pode diminuir a perceção de perigo do processo.
Fig. 1 e 2 | Realidade Virtual e Realidade Aumentada em Serviços e Manutenção.
(Fonte: www.pexels.com e www.channelfutures.com)
No capítulo das tomadas de decisões na era do Big Data, torna-se imperativo que os Decision Makers possam tomar as decisões corretas no devido momento, através da filtragem da informação mediante campos relevantes e através da validade contextual e temporal. A RV e RA podem ajudar neste problemática, conferindo os dados exatos, no contexto certo, com os parâmetros definidos, num único modelo digital, garantindo que potenciais informações incorretas, descontextualizadas e obsoletas não irão inquinar o processo decisório.
Os diferentes Decision Makers podem visualizar os dados relevantes usando um painel virtual: máquinas, processos, infraestrutura, operações, pessoas, indicadores financeiros, todos eles podem estar disponíveis. No modelo virtual podem ser feitas alterações, como instalar uma nova máquina, redesenhar um processo, redistribuir as equipas de trabalho. Como tudo isso é feito num ambiente virtual ou aumentado, não se coloca a questão do risco, e todos os Stakeholders podem ver no modelo, exatamente quais as potenciais consequências de uma mudança para a sua área de intervenção. Não será necessário exibir todos os dados num ambiente virtual, pois isso torná-lo-ia extremamente complexo. A opção mais eficaz será adequar os ambientes às necessidades dos decisores. Por exemplo para um Decision Makerda área financeira o modelo pode simplesmente exibir uma folha de Excel com todos os seus KPI relevantes.
A Realidade Virtual e da Realidade Aumentada são, assim, um conjunto de ferramentas de apoio à tomada de decisão, que tornarão as decisões mais rápidas, mais precisas e mais preditivas. O potencial destas tecnologias é imenso, no entanto existe ainda, um longo caminho a percorrer no seu desenvolvimento e eficaz implementação. Atenta às necessidades das empresas, a ATEC, está a desenvolver soluções para apoiar o tecido empresarial para que tudo se torne mais simples. Atualmente, a área de Automação e Robótica e de Instrumentação e Controlo disponibilizam uma alargada gama de cursos de formação, que se tem revelado um importante apoio na qualificação das Equipas Técnicas e de Engenharia de várias empresas do tecido industrial nacional e internacional.
SOBRE O AUTOR
Manuel Costa
Formador e Professor com formação em Engenharia Eletrotécnica (ISEP) com frequência em mestrado na mesma área (Lusíada). Realizou na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica, diversas formações especializadas com forte incidência na área Pedagógica.
De 2002 a 2006 desenvolveu a atividade de Diretor de obra, tendo sido responsável e co-responsável por obras de instalações elétricas, de telecomunicações e industriais, tendo também desempenhado a função de responsável de manutenção de instalações elétricas.
Desde 2008 que desenvolve a atividade de Professor e Formador no ensino profissional e formação de quadros de empresa. Tendo ampla experiência nas seguintes temáticas: Instalações elétricas, Projeto de instalações elétricas, Manutenção elétrica, Máquinas elétricas (controlo de posição, movimento e velocidade), Sistemas eletro-pneumáticos, Automação industrial (Siemens S7 e Omron CJ), Robótica (ABB e Motoman) e Sistemas embebidos.
Atualmente (e desde 2018) é Coordenador da área de Eletricidade e sistemas automatizados da ATEC, sendo responsável pela Gestão da formação profissional e empresarial da área em questão.
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