Nas últimas décadas a Sustentabilidade tem sido uma preocupação constante e uma prioridade para o setor industrial, devido aos impactos negativos que as suas emissões e diferentes tipos de desperdícios representam para o ambiente e a sua preservação.

Ainda que a indústria tenha um contributo considerável para este problema, este setor é essencial para a produção de produtos e bens, bem como para a promoção de emprego e para o desenvolvimento económico.

Como tal, para além da aplicação de uma regulamentação ambiental exigente, é determinante que a indústria pense em formas de reduzir os impactos que estas emissões e desperdícios representam para o desenvolvimento ambiental.

Sucede assim uma combinação entre o conceito LEAN, que corresponde à implementação de ferramentas de gestão, de eliminação de desperdícios e de melhoria contínua, e o conceito GREEN, que está associado a práticas e processos sustentáveis incorporados nos sistemas de gestão ambiental (Vasconcelos et.al., 2013).

Com efeito, Lean Green surge como uma metodologia constituída por métodos e técnicas que têm como finalidade otimizar e melhorar os processos produtivos, incorporando práticas ecológicas que reduzam os desperdícios e resíduos industriais, com o objetivo de minimizar o risco e impacto no meio ambiente, sem prejudicar o tempo de entrega e a qualidade dos produtos (Diniz, 2018). Para tal, o envolvimento e responsabilidade dos líderes e colaboradores é fundamental para a aplicação deste processo e obtenção dos resultados que se pretende alcançar, assim como é necessário preparar os futuros colaboradores da indústria de modo a sensibilizar para esta causa.

Desta forma, como é constatado pelo estudo de Medeiros (2019), “As perspetivas dos formandos que frequentam o Ensino Profissional: um estudo numa escola profissional”, o Ensino Profissional representa uma boa opção para muitos jovens e adultos que pretendem aprender uma profissão e em simultâneo obter uma dupla certificação, de modo a ingressarem mais rapidamente no mercado de trabalho.

Para além das competências essenciais e técnicas, que se entendem como conhecimentos, aptidões e atitudes, que os formandos irão adquirir ao longo do seu percurso formativo é fundamental que esta via de ensino promova o desenvolvimento de um conjunto de competências-chave transversais, apresentadas na figura 2, para a Sustentabilidade, para que possam adotar um estilo de vida sustentável, e, por conseguinte, contribuírem para a construção de um ambiente corporativo sustentável, a nível profissional.

Deste modo, entre as várias ações existentes para a redução dos resíduos e desperdícios, destaca-se, para este propósito, o método “5S“, que faz parte do conjunto de ferramentas da filosofia Lean, praticado na ATEC – Academia de Formação que qualifica para o mercado, nomeadamente para a indústria em geral.

O método 5S foi desenvolvido no Japão e assenta em cinco palavras conhecidas como sensos da cultura oriental.

O seu principal objetivo é tornar o local de trabalho num espaço limpo, organizado e acessível, por meio da redução de resíduos e desperdícios de recursos e espaço, por forma a aumentar a eficiência operacional e, consequentemente a produtividade. Na figura 3 são referidas as fases para a implementação deste método, que devem ser avaliadas através de indicadores de desempenho para se aferir a evolução do processo de melhoria contínua.

Fig. 1 | Central Termoelétrica de Carvão.
(Fonte: www.ambientemagazine.com)

 

Fig. 2 | Competências chave transversais para a Sustentabilidade.
(Fonte: Unesco, 2017, adaptado de De Haan, 2010; Rieckmann, 2012; Wiek; Withycombe; Redman, 2011)

Fig. 3 | Fases de implementação do método 5S: 1ª Etapa (SEIRI + SEITON + SEISO) 2ª Etapa (SEIKETSU + SHITSUKE)
(Fonte: ATEC - Academia de Formação)

 

 

A figura 4 demonstra o antes e depois, respetivamente, de uma oficina de formação na área da mecatrónica automóvel da ATEC onde foi implementado o método 5S. Neste exemplo foi retirado o material desnecessário e concedido acesso ao que realmente é utilizado durante as atividades de formação, assim como aos equipamentos de segurança.

A Gestão Visual integra igualmente no conceito Lean e possibilita um eficaz apoio ao método 5S, dado que é aplicada para transmitir informações, definir e sinalizar, por meio de etiquetas, linhas e códigos de cores, locais de arrumação e armazenamento de materiais, equipamentos e resíduos, como se ilustra nas figuras 4 e 5.

✎ Simas, A. (2016). Gestão Visual em Sistemas Lean: Metodologia de Uniformização. Dissertação de mestrado. Universidade Nova de Lisboa. (Disponível aqui)

✎ Diniz, L. M. (2018). A Sinergia entre a Sustentabilidade e a Produção Eficiente pela Aplicação do Lean-Green. (Dissertação de mestrado, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal). (Disponível aqui)

✎ Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: objetivos de aprendizagem (2017). ISBN: 978-85-7652-218-8. (Disponível aqui)

✎ Medeiros, A. P. (2019). As perspetivas dos formandos que frequentam o Ensino Profissional: um estudo numa escola profissional (Dissertação de mestrado, Universidade Aberta, Lisboa, Portugal). (Disponível aqui)

✎ Reis, M., Soares, R., Santos, M. & Walker, A. (2018). Implementação do Programa 5S: um estudo de caso em uma empresa de construção civil. (Disponível aqui)

✎ Website da Sociedade de Toxicologia Ambiental e Química (SETAC). (Disponível aqui)

✎ Vasconcelos, D., Neto, J. & Viana, F. (2013). LEAN e GREEN: A CONTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA E DA GESTÃO AMBIENTAL PARA A REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS. Rio de Janeiro / RJ (Disponível aqui)